Você conhece os diferentes tipos de garrafa?
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O que os formatos das botelhas informam sobre os vinhos que armazenam.
Já reparou que as garrafas dos vinhos produzidos na Borgonha têm ombros caídos, e as de Bordeaux, levantados? E já se perguntou o porquê? Há muito o que saber sobre os vinhos a partir do estilo de garrafas onde são armazenados.
Confira as dicas a seguir!
1. A HISTÓRIA
A partir de quando as garrafas começaram a ser utilizadas para armazenar vinhos?
Desde o tempo dos antigos egípcios. Porém eram usadas apenas em situações especiais, por exemplo para serem levadas à mesa – os vinhos eram tirados previamente das barricas e acondicionados nas garrafas. Naquela época, grandes nobres, quando recebiam visitas, usavam apenas um copo, que era revezado entre os comensais. O período da Revolução Industrial foi importantíssimo para o mundo do vinho, pois desencadeou a produção em série das garrafas de vidro e retomou o emprego da rolha de cortiça, que havia caído em desuso.
Antes da garrafa, como o vinho era armazenado?
Ainda quando a garrafa não era muito comum, teve a época da armazenagem em recipientes feitos de couro, barro (caso das ânforas) e cerâmica. Então, chegou a vez dos tonéis de madeira (a introdução ao uso deles é atribuída aos gauleses, povo celta antepassado do francês). A questão era que os vinhos não podiam ser guardados por muito tempo: uma vez aberta a barrica, o consumo deveria ser praticamente imediato (a parte do líquido retirado da barrica era ocupada por oxigênio, que ia degradando o vinho até virar vinagre, por meio da transformação do álcool em ácido acético).
2.CORES
Por que algumas garrafas são verdes e outras, escuras?
A cor da garrafa é uma decisão do produtor – algumas vezes tem a ver com a tradição da região. Mas a maioria é verde, ou mesmo âmbar, para proteger o vinho, uma bebida “viva”. Mesmo engarrafado, o vinho continua a sofrer reações químicas, muitas vezes benéficas, que permitem uma evolução positiva de aromas e sabores. Porém, sem cuidados especiais, essas reações podem prejudicar nossa bebida preferida, já que alguns compostos químicos naturais presentes no vinho são fotossensíveis, ou seja, se degradam na presença de luz. A cor escura da garrafa é importante para preservar os vinhos, é uma forma de proteção.
Por que são, normalmente, comercializados em garrafas transparentes?É curioso, justamente porque brancos e rosés têm menos compostos antioxidantes. Mas utilizar garrafas transparentes é uma forma que o produtor tem para fazer o consumidor ver a cor do vinho, que pode chamar bastante atenção. Geralmente, essas garrafas são usadas em estilos de vinhos de consumo mais rápido, para evitar a deterioração que, de fato, pode ocorrer.
3.VOLUMES
Por que a maior parte das garrafas usa esse padrão?
A literatura disponível traz algumas explicações a esse respeito. Uma delas é o fato de as barricas de carvalho tradicionais terem capacidade para 225 litros, que equivalem a exatamente 300 garrafas de 750 ml. Outra teoria é a do sopro: como no passado as garrafas ganhavam seu formato no sopro, o responsável por inflá-las aguentava expirar o ar no recipiente até completar 750 ml, então apontada como a capacidade dos pulmões. Mas hoje existem garrafas de diferentes volumes no mercado.
Quais são essas capacidades?
O padrão de volume chega a 20 categorias, começando em 187 ml, que é a garrafa chamada de Piccolo ou Split (¼ da garrafa de 750 ml) e terminam, acredite, em 30 litros, no modelo conhecido como Melquisedeque. Mas, claro, vez ou outra surgem curiosidades como a maior garrafa de vinho do mundo, de acordo com o Guinness Book, com 4,17 metros de altura, contendo 3.094 litros de vinho. Foi arrematada em um leilão na Suíça pelo importador de carros André Vogel, em 2014.
A estrutura de uma garrafa: gargalo (1), pescoço (2), ombros (3), bojo (4) e base (5)
4.FORMATOS
Por que existem garrafas de vinho diferentes?
Muitos países europeus – e até mesmo regiões produtoras – têm a tradição de usar formatos específicos de garrafas. Antigamente era comum falarem que o formato específico de cada região era para conservar os vinhos típicos desses locais. No mundo do vinho, muitos detalhes estão relacionados à tradição.
Quais são os principais?
Dependendo da garrafa, só de observá-la vazia, já sabemos de onde veio. A mais clássica é a garrafa bordalesa (da região de Bordeaux, França), que tem forma cilíndrica, com ombros largos e definidos. Já a borgonhesa (da região da Borgonha, França) também é muito usada e disseminada pelo mundo. O bojo é largo e os ombros são mais discretos que o da bordalesa.
Há outros formatos característicos, certo?
Claro! A Alsaciana, por exemplo (da região da Alsácia, na França), ou Renana (do Reno, na Alemanha) tem ombros quase inexistentes, é um tipo de garrafa alta e magra. Os espumantes requerem um tipo de vidro mais grosso e resistente, para aguentar a pressão adquirida no processo fermentativo. Apesar de esse tipo de vinho ser encontrado em formatos variados, costuma não ter ombros muito marcados. E repare na garrafa de vinho do Porto, com bojo grande: é cilíndrica e baixa. O vidro tem espessura grossa e cor escura.
E quanto aos formatos menos conhecidos?
Bem, há, ainda, as do Rhône (sul da França), Clavelin (uma garrafa típica de um vinho especial do Jura, o Vin Jaune), alguns Jerez (vinho espanhol do sul da Espanha, na região de Andaluzia), também usam essa garrafa, de 620 ml. A Provence também desenvolveu uma garrafa clássica, que não vemos muito.
O Novo Mundo também adota formatos específicos?
Nos países do Novo Mundo, as mais comuns são as garrafas bordalesas e borgonhesas, mas encontramos outras também, principalmente quando o produtor se inspira em algum vinho específico do Velho Mundo ou utiliza uvas clássicas. Vemos, por exemplo, muitos vinhos brancos Riesling produzidos no Novo Mundo, que usam a garrafa renana.
A cavidade no fundo das garrafas tem alguma função específica?
Sim, esse fundo côncavo é importante para dar resistência à garrafa. Ajuda, por exemplo, a suportar a pressão de bebidas como os espumantes. Com relação aos vinhos tranquilos (sem gás), a cavidade também ajuda na resistência para empilhar as garrafas em situações como durante o tempo de envelhecimento nas caves, dentro das vinícolas. A pressão que as garrafas têm que aguentar é alta (principalmente as das partes mais baixas do empilhamento).