Vinho sem álcool: do método de produção aos benefícios para a saúde
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Para atender a uma demanda cada vez maior dos consumidores, vinícolas têm apostado na produção dos vinhos não alcoólicos. Conheça mais sobre a bebida!
Nos últimos anos pudemos observar a partir de levantamentos de instituições especializadas que o consumo de vinhos cresce cada vez mais em diversos países ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
Com o aumento do consumo, passam a existir também novas demandas entre os apreciadores da bebida. Foi assim que surgiu no mercado o vinho sem álcool, cada vez mais procurado entre diferentes tipos de público que apreciam vinho regularmente.
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Entre as justificativas para o aumento da busca por bebidas sem álcool, especialmente o vinho, estão a preocupação de muitas pessoas com um estilo de vida mais saudável, a conscientização em relação aos riscos de se beber e dirigir e, até mesmo, questões ligadas à saúde que impedem a ingestão de álcool.
A essa altura, você pode estar se perguntando: mas vinho sem álcool não seria a mesma coisa que suco de uva? E a resposta é: não, não é!
O suco integral de uva, também muito querido entre os brasileiros, é produzido na maioria das vezes com as chamadas uvas de mesa, aquelas encontradas nas prateleiras do mercado e consumidas in natura.
Além disso, o processo de preparo do suco inclui o cozimento da polpa integral da uva a até no máximo 90 °C, para que as propriedades da fruta sejam exploradas sem prejudicar o sabor do suco.
Já o vinho sem álcool, assim como o vinho tradicional, é elaborado a partir da fermentação de uvas Vitis Vinífera, também chamadas de uvas europeias ou “uvas nobres”.
Qual a diferença da produção do vinho sem álcool?
Na verdade, o vinho sem álcool e o vinho tradicional são preparados da mesma maneira. No entanto, no caso do primeiro, o álcool é retirado depois que a bebida já está pronta, antes do envase.
Quando o vinho atinge um teor alcoólico inferior a 0,5%, já pode ser considerado um vinho sem álcool. A partir de então, pode ser engarrafado e encaminhado para a comercialização.
As técnicas para a retirada do álcool do vinho são apuradas e poucas vinícolas têm o domínio do processo, até por ser algo relativamente recente no segmento. Durante o processo, que pode variar de vinícola para vinícola, a bebida perde uma parcela significativa em volume.
Para dar origem a um litro de vinho tinto suave sem álcool, para se ter uma ideia, são necessários cerca de dois litros e meio da bebida pronta. No caso do vinho seco, a quantidade inicial deve ser ainda maior: para um litro de vinho seco sem álcool, podem ser necessários até três litros e meio de vinho pronto.
Mas estas quantidades também variam de acordo com o método escolhido para retirar o álcool da bebida. Confira abaixo os mais comuns.
Fervura
Neste processo, leva-se em conta que o ponto de ebulição do álcool é 78 ºC, enquanto o da água ocorre quando o líquido atinge a temperatura de 100 °C.
Com a intenção de preservar as características originais da bebida, alguns produtores apostam na fervura à vácuo, que facilita o processo de desalcoolização.
Neste caso, ao aquecer o vinho à temperatura citada acima, é possível realizar a evaporação do álcool sem interferir na integridade da bebida.
Osmose reversa
É considerado um método mais eficiente que a fervura para preservar as propriedades do vinho depois que o álcool é retirado.
Na osmose reversa, a bebida passa por uma espécie de filtragem, fazendo com que o álcool e a água sejam separados do restante da composição do vinho.
Depois disso, este conteúdo passa por um processo semelhante ao de destilação, que consiste em separar o álcool. A água que resta do processo é então colocada de volta no vinho, e o álcool descartado.
Destilação a vácuo
Este processo é realizado sob pressão atmosférica reduzida. Quando a pressão do vapor chega ao mesmo nível da pressão externa, a bebida atinge a temperatura necessária para a ebulição.
No caso da destilação à vácuo, é possível alterar de modo artificial a pressão sobre o líquido, para que o vinho chegue ao ponto de ebulição a uma temperatura menor. Assim, o álcool é extraído da bebida basicamente por meio da alteração da pressão.
O vinho sem álcool no paladar
Como é de se imaginar, o paladar do vinho não-alcoólico é diferente dos vinhos comuns.
Nos rótulos suaves sem álcool, o sabor licoroso se sobressai. Já os vinhos secos sem álcool costumam apresentar mais sensação de adstringência, também conhecida como sensação de boca seca.
Isso ocorre porque o álcool tem papel importante na integração com os outros fatores que formam o paladar de um vinho, como a acidez e os taninos.
Benefícios do vinho sem álcool
Como para fazer um litro de vinho sem álcool é necessário ao menos o dobro da quantidade da bebida, a concentração de flavonoides é muito maior no vinho não-alcoólico, que pode chegar a ter cerca de 65% a mais das substâncias em relação ao vinho comum.
Estes compostos bioativos têm propriedades antioxidantes que retardam o envelhecimento precoce das células, trazendo diferentes tipos de benefícios para o organismo.
De acordo com estudos sobre o consumo de vinho sem álcool já realizados em países como a Espanha, a bebida pode ajudar a reduzir em até 14% os riscos de doenças cardíacas, por exemplo.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo, feito na Universidade de Barcelona, concluíram que os benefícios se dão principalmente por conta da concentração dos polifenóis na bebida não alcoólica.
Mais benefícios observados no vinho sem álcool para a saúde:
- Redução da pressão sanguínea entre os participantes do estudo
- Capacidade de reduzir em até 20% o risco de doenças cardiovasculares
- Aumento da concentração de óxido nítrico no sangue, responsável por relaxar os vasos sanguíneos, contribuindo para melhor circulação
- Além disso, também há impacto nos níveis de colesterol no organismo. Caso o consumo do vinho não-alcoólico seja associado a uma dieta saudável e à prática de atividades físicas, os benefícios podem ser ainda mais significativos.
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