Vinho Madeira
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O Vinho Madeira é um vinho fortificado e classificado no Brasil como licoroso. Descubra tudo sobre essa histórica bebida da famosa ilha da Madeira, que pertence a Portugal.
Pense em um vinho com personalidade singular, marcante, cultivado em uma ilha, que está entre os mais longevos e que possui uma bela história. Estamos falando do Vinho Madeira!
Se você não teve a oportunidade de experimentá-lo, é uma experiência que todo amante dos vinhos deveria ter. Não só pela singularidade do vinho, mas também por sua relevância histórica.
Mas o que é o Vinho da Madeira?
Para início de conversa, vamos esclarecer que trata-se de um vinho fortificado (ao qual se acrescenta álcool vínico na produção), elaborado com uma técnica pouco comum chamada estufagem, tendo um teor alcoólico mais elevado. Ele é classificado no nosso país como vinho licoroso.
Ele nasce em um pequeno conjunto de oito ilhas, com apenas duas habitadas, e que pertence a Portugal, o Arquipélago da Madeira.
Sua história remonta ao século XV, quando começam as exportações para os mercados coloniais das então chamadas Índias, América do Norte e Brasil.
Ocorria que, entre os vinhos enviados às Índias para serem comercializados, uma parte não era vendida, e durante a viagem de ida e volta eram submetidos a altas temperaturas nos porões dos navios (fontes citam até 60 °C). Quando retornados à origem, percebeu-se que ficavam melhores, mais aromáticos e com sabor intenso. Tornaram-se conhecidos como “vinhos de roda” ou “torna viagem”, alcançando preços extraordinários.
Como o Vinho Madeira é feito?
Para imitar o efeito da longa viagem sob as altas temperaturas dos porões dos navios, cria-se a técnica da estufagem no século XVIII. Ela consiste em aquecer artificialmente o vinho armazenado em tanques estufa, durante dia e noite, por alguns meses. Pouco antes dessa técnica tornar-se usual, os vinhos já passaram a serem fortificados, na época adicionando-se brandy (destilado de vinho) à bebida ainda em fermentação, para interrompê-la.
Atualmente são elaborados também com a técnica do canteiro, na qual o vinho é armazenado em barris de madeira que são colocados em recintos onde as temperaturas ficam muito elevadas (comumente nos pisos mais elevados das edificações, logo abaixo dos telhados), por pelo menos 2 anos. Canteiro, inclusive, é o nome que se dá às traves de madeira em que dispõem os barris.
O Vinho Madeira teve grande importância comercial para Portugal em sua época áurea, sobretudo por ser parada obrigatória para as viagens às Américas. Um grande marco histórico do vinho conta que ele foi o escolhido para brindar a assinatura da declaração de independência dos Estados Unidos.
É importante entender que, tal como um Jerez ou um Vinho do Porto, o Madeira constitui uma família de estilos, embora tenham características em comum.
Só para citar alguns exemplos, temos o fino (ou fine), exemplares de qualidade e perfeitamente equilibrados, há também o rainwater, mais adocicado com no mínimo 10 anos de idade, ou os com indicação de idade (5, 10, 15, 20, 30, 40 e mais de 50 anos de envelhecimento), e ainda os colheita com indicação de casta, que trazem o ano da safra e citam a variedade de uva da qual são compostos.
No geral, eles são adocicados ou muito doces. Para escolher os mais secos, faça opção pelos que trazem a menção “extra seco” no rótulo, pois podem ter no máximo 9 gramas de açúcar residual por litro (ainda assim poderão ter alguma doçura). Aventure-se no mundo de estilos do histórico Vinho Madeira e descubra que cada um tem o seu momento. Saúde!