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Curiosidades

Você conhece o vinho canônico? Saiba tudo sobre o vinho de missa!

20 março 2021
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O vinho canônico é licoroso e produzido de acordo com as regras determinadas pela igreja, mas também existem versões sem álcool. Veja mais abaixo!

Você já ouviu falar em vinho canônico? A bebida, também conhecida como vinho de missa ou vinho litúrgico, carrega uma tradição secular e é produzida com um destino certo: o ritual de eucaristia celebrado por padres durante as missas católicas.

O vinho é elaborado seguindo à risca as regras estabelecidas pela igreja católica. 

Uma das exigências é de que o vinho seja branco ou rosé, para que não haja risco de manchar as toalhas e vestes utilizadas durante a missa, consideradas sagradas.

O que poucas pessoas sabem é que ele é um vinho licoroso, portanto tem paladar adocicado e teor alcoólico ligeiramente mais elevado. 

Dica de leitura: Descubra as características do vinho suave

No Brasil, a produção do vinho canônico está concentrada no Rio Grande do Sul, que comercializa cerca de 500 mil litros ao ano, valor pequeno se comparado ao volume de vinhos e espumantes.

Apesar de ser desenvolvido para servir a uma demanda da igreja, o vinho canônico também pode ser consumido normalmente fora das celebrações. Por ser licoroso, combina com sobremesas como compotas e tortas, e também pode ser um aperitivo.

Como é feito o vinho canônico?

O vinho considerado canônico costuma ser doce, e as uvas escolhidas para sua elaboração podem ser de Vitis vinifera ou uvas híbridas americanas. 

Para a elaboração do vinho canônico, a produção nacional tem preferência pelas uvas Moscato e Isabel, híbrida natural das espécies Vitis vinifera e Vitis labrusca. 

Depois que as uvas são esmagadas, o mosto passa pela fermentação em contato com a película que concentra uma adição de fermentos selecionados. 

Em seguida, o vinho é clarificado, filtrado e ganha uma dose de mosto concentrado da uva e aguardente vínica. O processo tem duração de cerca de seis meses, e é feito em tanques de inox.

O resultado deste processo de produção é um vinho rosado, que chega a ter 16% de graduação alcoólica graças a uma adição de aguardente vínica. 

O alto teor alcoólico e a concentração de açúcar do vinho canônico, considerado licoroso, contribuem para a conservação do produto, que é consumido em pouca quantidade durante as missas.

Desta forma, é possível que a bebida dure mais tempo na garrafa e cumpra a função de vinho para consumo lento conforme as missas forem acontecendo.

Imagem de garrafas em fábrica ilustrativa para post sobre vinho canônico

Vinho canônico sem álcool

Embora menos comum, já existe hoje em dia a produção de vinhos canônicos sem álcool. Algumas empresas chegam a comprar a bebida de vinícolas da Serra Gaúcha, para realizar o processo de retirada do álcool em outro local, por meio de métodos físicos.

Com tecnologia brasileira, o vinho canônico passa por um processo de fermentação, envelhecimento e desalcoolização. 

Assim, são preservadas as propriedades principais da bebida, fazendo com que o resultado seja um vinho de paladar semelhante a um vinho canônico com graduação alcoólica. 

O vinho canônico sem álcool é indicado para apreciadores de vinho que não podem consumir álcool por motivos de saúde, por opção religiosa ou mesmo pela escolha por uma vida sem ingestão de bebidas alcoólicas.

Taça de vinho ilustra post sobre vinho canônico

Vinhos sem álcool 

Os vinhos sem álcool também estão presentes no mercado, aliás. E é importante saber diferenciá-los do suco de uva, por exemplo, que em boa parte dos casos é feito a partir do cozimento da uva com açúcar e adição de água. 

Já o vinho sem álcool é feito por meio do processo natural de fermentação da fruta, e depois desalcoolizado. 

Ou seja, o suco de uva e o vinho sem álcool passam por processos distintos de produção.

O paladar do vinho sem álcool é diferente dos vinhos alcoólicos, como é de se esperar. 

Nos exemplares suaves, se sobressai no paladar o sabor licoroso, enquanto os secos apresentam mais adstringência na boca. 

O processo de retirada do álcool do vinho não é muito difundido, e também leva a uma certa perda do volume inicial da bebida. 

Para chegar a um litro de vinho tinto suave sem álcool, por exemplo, são necessários quase dois litros e meio de vinho pronto. 

O vinho seco demanda ainda mais quantidade da bebida. Para um litro de vinho seco sem álcool, são necessários até três litros e meio de vinho. Isso porque no momento em que a bebida passa pela desalcoolização, perde também água e outros componentes. 

Em compensação, os flavonoides (compostos bioativos com propriedades antioxidantes) surgem em maior proporção nos vinhos sem álcool. 

Em alguns exemplares, é possível haver até 65% mais flavonoides do que nos vinhos com álcool.

Mas segundo especialistas, em determinados processos de desalcoolização, os vinhos podem perder muito de suas características. Principalmente nos casos em que se mistura suco de uva e água à bebida. 

Expectativa de aumento no consumo 

De acordo com levantamentos feitos por representantes do setor, existe a expectativa de que os vinhos não alcoólicos passem a ser mais procurados pelos clientes durante os próximos anos. Até 2027, espera-se um crescimento de até 7% ao ano. 

Um dos motivos é a mudança no estilo de vida de muitos consumidores. Até o ano de 2018, o público europeu respondeu por cerca de 40% da demanda total do mercado. 

Neste mesmo período, os norte-americanos saíram na frente, e hoje figuram como o mercado mais relevante do mundo para os vinhos sem álcool. 

Para os próximos anos, o prognóstico é de que a procura pelos vinhos sem álcool nas lojas on-line possa crescer até 90% até 2027. Destacam-se produtores da Califórnia (EUA), da França e da Austrália

E você, já provou algum vinho canônico ou vinho sem álcool? Que tal agora aprender tudo o que precisa para saber ler um rótulo de vinho da forma correta? Ouça em nosso podcast!

Escrito por: Wine