Abrir Menu Fechar Menu Abrir Campo de Pesquisa Fechar Search
Curiosidades

Tipos de vedantes

10 setembro 2018
  • 9215 visualizações
  • 0 comentários

Além da rolha de cortiça, há vários outros tipos de vedantes utilizados em garrafas de vinho. Confira quais são eles e quais características cada um deles tem.

Existem diversos mitos e opiniões pessoais em relação aos tipos de vedantes utilizados nas garrafas de vinho. Mas antes de qualquer coisa, precisamos ter em mente o principal objetivo desse acessório, que nada mais é que evitar o vazamento do líquido, ou seja, fechar a garrafa, independente do tipo de material em que é produzido.

O tipo e a espessura da garrafa, o papel do rótulo, o tipo e o tempo de amadurecimento do vinho, o tipo de colheita, e também o tipo de vedante são alguns dos fatores que contribuem com o valor final do produto. O vedante analisado isoladamente não define a qualidade do vinho, pois a alta ou a baixa qualidade do líquido envolve muitos motivos, começando pelo cultivo das uvas.

Um estudo realizado em 2004 pela Oregon State University descobriu que a maioria dos consumidores não consegue distinguir a diferença entre um vinho fechado com cortiça ou com tampa de rosca quando avaliados em uma degustação às cegas.

Quais são os vedantes dos vinhos?

Rolha de cortiça

Dentre os diversos tipos de materiais disponíveis, temos a cortiça, que pode ser trabalhada de diferentes formas. A matéria-prima da rolha de cortiça é a casca do sobreiro, uma árvore encontrada principalmente em Portugal, maior produtor de cortiça do mundo.

A cortiça possui muitas vantagens como a leveza, flexibilidade, elasticidade, compressibilidade, impermeabilidade, além de ser reciclável, reutilizável e originária de matéria prima renovável. Esse material é o preferido de muitos consumidores, que gostam do ritual de utilizar o saca-rolhas, cheirar a rolha e guardá-la.

Mesmo utilizando a mesma base como matéria-prima, é possível encontrar rolhas de cortiça diferentes no mercado. A mais cobiçada, e também a mais cara, é a rolha de cortiça maciça, pois é cortada por inteiro direto das tiras da casca do sobreiro.

Tem a rolha de cortiça colmatada, também cortada por inteiro, direto das cascas do sobreiro, porém, possui imperfeições como grandes poros e fissuras, que são preenchidos com pó de cortiça.

Outro exemplo é a rolha de cortiça aglomerada, feita com pequenos pedaços de cortiça natural, que são moldados e unidos por uma cola aprovada para ter contato com alimentos. Esse modelo é mais barato quando comparado a rolha de cortiça maciça.

Dica de leitura:  Situações que podem ocorrer ao abrir um vinho

Existe uma outra opção para a aglomerada, a rolha de cortiça aglomerada com discos de cortiça maciça. O meio da rolha é composto por cortiça aglomerada e as extremidades possuem discos de cortiça maciça.

O produtor pode optar por discos nas duas pontas ou apenas em uma, a cola que une esses discos também é autorizada para ter contato com alimentos. Esse modelo possui um custo mais alto, em relação a rolha de cortiça aglomerada sem os discos.

Existe um modelo que é utilizado em vinhos fortificados (como o do Porto) que une cortiça maciça com uma peça que pode ser de plástico, madeira ou outros materiais, chamada T-cork ou rolha capsulada. Esse modelo dispensa o uso de saca-rolhas, pois é retirada manualmente.

Rolha sintética

Além de vedantes produzidos com cortiça, o mercado possui opções que destacam outros tipos de materiais, que surgiram após diversos motivos, entre eles o aumento do aroma “bouchonné”, identificado como cheiro de mofo ou papelão molhado, causado nos vinhos por um composto conhecido como TCA (tricloroanisol), que era associado exclusivamente à rolha de cortiça.

Hoje sabe-se que qualquer substância que contenha fenóis e entre em contato com uma fonte de cloro pode desenvolver esse composto, caso da cortiça, barricas de carvalho e o próprio vinho, por exemplo. A incidência atual desse odor desagradável nos vinhos vem reduzindo, pois tanto os produtores de cortiça quanto as vinícolas tem investido em processos que minimizem os riscos.

Entre os outros tipos de vedantes, existem as rolhas sintéticas, feitas com polímeros (como o plástico), que comparada às opções de cortiça, tendem a ser mais baratas.

Rolhas de vidro

Uma opção de vedante disponível são as rolhas de vidro, que possuem um anel de vedação produzido com material sintético. Esse vedante também é conhecido como “Vinolok” e “Vinoseal”, porém, esses nomes são marcas de propriedade do Grupo Preciosa, um dos principais fabricantes mundiais de vidro.

Moderno e muito prático, dispensa o uso do saca-rolhas, pois é retirado manualmente. Esse vedante também tem a vantagem de ser recolocado no gargalo com facilidade e possibilita a reutilização da garrafa.

Dica de leitura:  Vinho dá sono?

Screw cap

Além dos vedantes de cortiça, os sintéticos e os de vidro, existe também a screw cap , uma tampa de rosca, ou seja, um vedante que fecha a garrafa ao ser rosqueado no seu gargalo. É composta por uma cápsula metálica (alumínio, estanho) ou de PVC, e um anel de vedação (geralmente um polímero de etileno admitido para contato com alimentos) colocado na parte superior da tampa, que fica em contato com a parte superior do gargalo da garrafa, evitando o vazamento do líquido.

Essa forma de vedação tem a praticidade e agilidade como alguns dos seus maiores atrativos e se tornou uma tendência mundial. A Austrália, por exemplo, utiliza esse vedante em cerca de 80% dos rótulos produzidos no país, já na Nova Zelândia são 95% dos exemplares.

Sua desvantagem mais comentada, mas que não é técnica, é a perda do charme no ritual de abertura da garrafa, pois dispensa o uso do saca-rolhas.

O uso da screw cap não tem nada a ver com a qualidade do vinho. Na verdade ela é considerada apta para vinhos de consumo em pouco tempo, e o prazo de consumo não é um determinante da qualidade do vinho, mas sim de um estilo.

Há vinhos de grande qualidade que não são destinados a envelhecer e que são selados com a screw cap.  Hoje a screw cap de alta tecnologia tem anéis de vedação com diferentes composições, que possibilitam diferentes taxas de transmissão de oxigênio (OTR – Oxygen Transmition Rate) para o interior da garrafa, podendo ser escolhidos conforme os objetivos dos produtores de vinhos.

A escolha do tipo de vedante é do produtor, pois depende do estilo de vinho, do custo, e outros pontos como usar um vedante mais barato para diminuir o valor total do produto, ou usar um vedante mais caro, para valorizar o exemplar.

Por isso, não deixe de degustar certo rótulo por conta do vedante. Privilegiar a compra de um vinho com base isolada no seu vedante é mais uma escolha estética, ligada à preferência, do que técnica e qualidade.

Escrito por: