Os tipos de solo e a vinha
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Saiba mais sobre a diversidade e as características dos solos em que vinhas são cultivadas.
É no solo – camada superficial da crosta terrestre, composto por material de decomposição de rochas e matéria orgânica – onde a videira é cultivada, se enraíza, cresce e frutifica.
Juntamente com outros fatores como o clima, a água, a incidência de luz, a variedade de uva e a intervenção humana, o solo irá influenciar no resultado final que encontraremos na garrafa, tendo vital importância nesse processo.
Além de dar sustentação e nutrição à videira, ele contribui para determinar as características das uvas através dos seus aspectos físicos (estrutura e porosidade), químicos (composição mineral e pH) e quantidade de matéria orgânica.
Essa camada superior da crosta terrestre está sempre sofrendo transformações ao longo do tempo, graças aos fenômenos geológicos, à ação do clima e outros agentes erosivos. O resultado disso é que temos videiras cultivadas nos mais variados perfis de solos, que as influenciam de formas diferentes, podendo assim, determinadas uvas se adaptarem melhor a uma região do que a outra.
Seguem abaixo os mais conhecidos:
Solo argilo-calcário
Aqui, a capacidade de retenção de água da argila e o frescor característico se juntam às propriedades de drenagem do calcário. Ao vinho, a argila contribui com o corpo e o calcário com a finesse. Algumas denominações onde o encontramos: Saint-Émilion (Bordeaux-França), Corton-Charlemagne (Borgogne-França), Chianti – solo Albarese (Toscana-Itália).
Solo arenoso
Proporciona boa drenagem, retém calor e tem boa resistência a pragas. Pode ser encontrado em: Cannubi, um “Cru” de Barolo (Piemonte-Itália), Luján de Cuyo, misturado a pedras de origem aluvial (Mendoza-Argentina).
Solo calcário
Pobre em matéria orgânica, possui excelente drenagem e quando tem teor elevado de carbonato de cálcio (70%) aumenta a acidez das uvas, dando ao vinho refinamento e frescor. Pouilly-Fumé (Loire-França), Chablis (Bourgogne-França), Champagne(França) e algumas áreas da Califórnia (EUA) têm este perfil de solo.
Solos rochosos
Encontrados em grande variedade, como os de xistos do Douro (Portugal) e Côte-Rôtie (Rhône-França) ou os de ardósia do vale do Mosel (Alemanha), e ainda de seixos ou cascalhos, como em Graves (Bordeux-França) e Châteauneuf-du-Pape (Rhône-França). As rochas em geral facilitam a drenagem da água pelo solo e quando na superfície retém o calor do sol.
Agora, para verificar a importância desse elemento e a diferença que pode proporcionar nos vinhos, que tal degustar exemplares de uma mesma uva, mas cultivadas em solos diferentes? Nossa sugestão:
Doña Paula Estate Cabernet Sauvignon 2014 – Elaborado com uvas cultivadas em solo arenoso, este tinto possui paladar equilibrado, com taninos presentes, bom corpo e volume de boca.
Calyptra Zahir Premium 2009 – A Cabernet Sauvignon, cultivada em solo rochoso no Vale do Cachapoal, resultou neste vinho intenso, encorpado, de taninos maduros, acidez equilibrada e toques do envelhecimento.