Qual o volume de álcool dos vinhos?
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Especificações variam de país para país, mas será que o volume de álcool influencia na qualidade do vinho? Confira mais informações!
Resultado natural da produção do vinho, o álcool é um dos elementos que garantem textura e corpo à bebida, e se mostra presente desde as experiências sensoriais no paladar e no olfato, às lágrimas que se formam na análise visual, realizada quando a bebida já está na taça.
De maneira geral, os vinhos tranquilos, que não têm gás nem são fortificados, têm entre 10 e 15% de álcool, sendo que no Brasil, 7% é o mínimo permitido para o vinho. Abaixo deste número, não é possível considerar nem rotular a bebida como vinho.
Mas estas especificações variam de país para país. No Chile, por exemplo, os vinhos destinados ao consumo devem ter graduação mínima de 11,5% de álcool. Já os licorosos devem ter um mínimo de 16% de graduação alcoólica.
Pois bem, o volume de álcool no vinho é resultado de reações químicas desencadeadas durante a fermentação, e sua percepção no paladar se dá, geralmente, por conta da sensação de ardência ou queimação na boca e também na garganta.
Caso esta sensação não esteja em sintonia com as outras características do vinho, de modo que o álcool se sobressaia ao paladar, pode ser um sinal de desequilíbrio, por exemplo.
Formação do álcool no vinho
A formação do álcool ocorre durante uma das fases mais famosas do processo de produção do vinho: a fermentação, que se dá por meio das leveduras.
Estes microrganismos utilizam os açúcares contidos no mosto da uva para obter energia vital, gerando a formação de dióxido de carbono, calor e álcool por meio de diversas reações químicas.
O limite de 15% de álcool é uma questão de produção, pois as leveduras não sobrevivem em ambientes com teores alcoólicos superiores a este. Por isso, ao alcançar os 15% de volume de álcool a fermentação é naturalmente interrompida pela morte das bactérias, e o açúcar residual corresponderá à classificação de doçura do vinho.
Mas… será que o teor alcoólico pode indicar a qualidade do vinho? A resposta é não. De acordo com os especialistas da Wine, o teor alcoólico não é fator determinante da qualidade da bebida. É necessário levar em conta todo o conjunto e como as outras características do vinho se apresentam.
Por exemplo, um vinho com alto teor de álcool e baixa acidez vai parecer desequilibrado no paladar. Certamente, neste caso, o álcool se destacaria muito, causando até mesmo sensação desagradável de calor no palato ou algum incômodo na mucosa. Vamos combinar que não é esta experiência que estamos buscando.
O que levar em conta durante a compra
O teor alcoólico do vinho deve, sim, ser levado em conta durante a compra. No Brasil, é obrigatório por lei que o volume de álcool seja apontado no rótulo da garrafa. Confira as opções em nossa loja e fique atento aos pontos abaixo:
- Avalie se o vinho se enquadra corretamente na legislação do país
- No Brasil, um vinho fino, elaborado apenas com uvas Vitis vinifera, deve conter teor alcoólico de 8,6% a 14% em volume
- Vinho elaborado em território nacional a partir de Vitis vinifera que apresenta teor alcoólico de 14,1% a 16% é denominado Vinho Nobre
- Abaixo de 8,6%, até o mínimo de 7%, será classificado como vinho leve
Então vamos retomar, caso você ainda esteja se perguntando qual é exatamente a função do teor alcoólico do vinho: um dos principais papéis é influenciar na densidade da bebida, fazendo com que tenhamos a sensação de um vinho mais ou menos encorpado.
Além disso, o corpo do vinho também varia de acordo com o teor dos açúcares e a quantidade de extrato seco (substâncias que não se volatilizam, como por exemplo sais orgânicos, matéria corante, taninos, entre outros).
A concentração do álcool também colabora com a sensação de doçura e maciez no paladar. Outro fator que reforça a importância do álcool no vinho é sua reação a outros compostos da bebida, de modo a enriquecer o perfil aromático, e também ajudar na conservação do vinho.
Volume de álcool e harmonização
Mostrando-se no paladar por meio da sensação de calor, o álcool contribui com o peso (corpo), doçura e maciez do vinho. Por isso, é um dos itens a serem levados em consideração na hora de harmonizar o vinho com algum prato específico.
Uma das tendências é a de que ele potencialize o sabor de temperos como pimenta e sal em determinados preparos. Mas não há uma graduação alcoólica ideal, pois cada vinho tem uma necessidade diferente, que varia de acordo com a proposta. Ou seja, o álcool deve agir pelo equilíbrio do vinho.
Os vinhos com volume abaixo dos 13% tendem a ter corpo mais leve e são mais refrescantes na boca.
Os vinhos com teor de álcool mais alto têm tendência a parecerem mais encorpados. Em boa parte dos casos, há forte presença dos sabores amadeirados, pois normalmente são envelhecidos em barricas.
O Vik A 2017, por exemplo, é um chileno elaborado exclusivamente para a Wine, amadurecido por 20 meses em barricas de carvalho francês. Estruturado, pode ir à mesa com carne vermelha preparada na brasa ou um versátil risoto de cogumelos.
Tal como fazemos com os alimentos, podemos adequar os vinhos mais leves para o verão, e os mais alcoólicos para o inverno, mas é primordial ressaltar que não é só o álcool que confere mais corpo ao vinho.
Dica extra!
Para observar o teor do álcool em seu vinho, escolha uma taça perfeitamente limpa, sem qualquer tipo de resíduo como pó ou detergente, e faça movimentos circulares, agitando a bebida. Quanto mais álcool tem o vinho, maior o número de lágrimas, mais juntas e mais lentas elas descerão.