Nomes lusitanos, ora pois
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Como enófilo você já deve ter notado que os nomes lusitanos às vezes soam engraçados para nós, brasileiros, certo? Saiba mais sobre as peculiaridades dos nomes dos vinhos de Portugal.
As diferenças entre a língua portuguesa em sua origem – Portugal – e sua versão abrasileirada – o nosso bom e velho português – sempre renderam ótimas histórias, anedotas e um tanto de peculiaridades que podem ser bem engraçadas.
E, claro, no variado universo dos vinhos não poderia ser diferente. Um dos bons rótulos portugueses em destaque no Clube Wine de agosto/2018, o Bacalhôa Meia Pipa Private Selection Castelão Syrah 2014, por exemplo, é um banquete aos olhos leigos e curiosos: a definição “pipa” é adotada por lá para definir os barris de carvalho onde os vinhos amadurecem. E o próprio nome da vinícola tem origem um tanto pitoresca: vem do apelido de D. Jerônimo Manuel, marido de D. Maria Mendonça Albuquerque, herdeira da propriedade. D. Jerônimo era simpaticamente conhecido por “bacalhau”.
E as denominações curiosas em terras lusitanas não param por aí. O Rapariga da Quinta, por exemplo, é um típico tinto alentejano cujo nome pode soar estranho por aqui – embora em Portugal sejam bastante comuns, já que, para eles, “rapariga” significa moça, e “quinta” seria o equivalente a um sítio ou pequena fazenda.
Tem ainda o celebrado Porca de Murça, um delicioso vinho branco de aroma frutado que faz referência a uma lenda centenária, que afirma que uma enorme porca foi abatida por um corajoso cavaleiro, o senhor de Murça.
O clássico José Maria da Fonseca Periquita Original é um popular vinho da Península de Setúbal, cuja uva que dá o tom ao produto final é – adivinhe – a Periquita. Aliás, com mais de 250 uvas nativas, nada mais natural que os portugueses batizassem as variedades da casa com nomes – digamos – exóticos.
Só para citar alguns: Amor-Não-Me-Deixes, Carrega Burros, Rabigato, Dedo de Dama, Dona Branca, Farinheira, Malandra, Engomada, Esgana Cão, Cagado dos Pardais, Colhão de Galo, Dedo de Cama, Furnicoso, Pera de Bode, Tinta de Escrever, Rabo de Ovelha e Tinto Sem Nome – naquele momento em que a criatividade se esgota, mas o humor não.
O costume de dar nomes engraçados – e muitas vezes literais – é uma das muitas características particulares de Portugal, junto com seus vinhos cheios de personalidade, que tornam as tradições lusitanas ainda mais interessantes e saborosas.