Moscatel ou Demi-Sec?
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Ambos são adocicados, ambos são espumantes, mas as semelhanças param por aí. Aprenda a distinguir as diferenças entre Moscatel e Demi-Sec e faça a escolha certa para o seu brinde
Não é de hoje que os espumantes Moscatel e Demi-Sec (também chamado de meio seco ou meio doce) figuram entre os favoritos dos brasileiros. Quando as ceias de fim de ano se aproximam, então, costumam ser os primeiros a esgotar. Mas apesar do sucesso de vendas, nem sempre quem compra sabe diferenciá-los. Para começar, ambos são doces – porém, em diferentes níveis.
O açúcar residual é um dos componentes-chave para distinguir esses dois tipos de espumante. Em linhas gerais, o vinho é resultado da transformação do açúcar natural da uva em álcool – processo que se dá por meio da fermentação. Quando se trata de um espumante, esse vinho pode, ainda, receber a adição do licor de expedição (geralmente a mistura do próprio vinho com açúcar), para, então, realizar a segunda fermentação, produzindo o gás carbônico e as borbulhas.
Dependendo de quando a segunda fermentação é interrompida, sobra maior ou menor quantidade de açúcar residual no vinho. E é essa dosagem que vai determinar a classificação do espumante: de Nature (com quase nenhum açúcar) a Doce (com maior quantidade de açúcar residual).
Classificação dos espumantes de acordo com o nível de açúcar*
Nature – até 3 g/l**
Extra-Brut – 3,1 a 8 g/l
Brut – 8,1 a 15 g/l
Seco – 15,1 a 20 g/l
Demi-sec – 20,1 a 60 g/l
Doce/Moscatel – a partir de 60,1 g/l
Observando a classificação, percebe-se que o Demi-Sec é uma opção intermediária – costuma agradar aos que apreciam espumantes adocicados, porém não tão doces quanto o Moscatel, nem tão secos como o Brut.
Mas engana-se quem pensa que as diferenças param por aí. Espumantes podem ser produzidos utilizando-se diferentes variedades e métodos de elaboração. O Champagne, por exemplo, é feito com as uvas Chardonnay, Pinot Noir e Meunier, pelo método Champenoise (ou Tradicional), que produz a segunda fermentação dentro da própria garrafa.
Outro método é o Charmat, no qual a fermentação secundária acontece em autoclaves (tanques de aço inoxidável que suportam a pressão gerada pelo gás carbônico). Dessa forma, por exemplo, é produzida a maior parte dos exemplares de Prosecco, desenvolvendo o frescor e os aromas florais e frutados da uva Glera. Um espumante Demi-sec pode ser desenvolvido por ambos os métodos, Tradicional ou Charmat.
Já o Moscatel é elaborado por um terceiro, mais específico.Trata-se do Asti, uma variação do método Charmat, igualmente desenvolvido na Itália.
A principal diferença: em vez de duas, é realizada apenas uma fermentação, em autoclave, interrompida quando o açúcar das uvas ainda não foi completamente transformado em álcool. Esse processo resulta em um vinho mais adocicado e menos alcoólico, que preserva o dulçor natural e o sabor frutado, com ótimo frescor. A uva utilizada, Moscatel, é considerada mais doce, mas neste caso é o método o maior responsável pelo dulçor do espumante homônimo.
É bom ressaltar que o termo Moscatel não designa apenas uma uva, mas uma família com mais de 150 variedades, de diferentes nomes. No Brasil, a região de maior cultivo é Farroupilha, na Serra Gaúcha, com destaque para a Moscato Branco, cujo perfil genético foi identificado como único no mundo. A cidade é reconhecida como Indicação Geográfica (IG), registro conferido quando produtos locais apresentam qualidade única em função dos recursos naturais, com valor intrínseco e identidade própria.
Agora, sabendo que Moscatel e Demi-Sec se distinguem pelo nível de dulçor, método de elaboração e uvas utilizadas, fica mais fácil escolher qual deles vai reinar nos seus brindes de fim de ano. Saúde!
*Segundo a legislação brasileira
**g/l: gramas de açúcar por litro