Breve manual do degustador para o outono
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Por que não aprender mais sobre o universo do vinho nessa estação?
O outono acabou de chegar e a estação, como todas as outras, combina – e muito! – com a nossa bebida favorita. Que tal aproveitar esse tempinho mais fresco e de folhas caindo pelo chão para estudar mais sobre o vinho e suas características?
A hora de se aprofundar nas suas habilidades de degustador é agora!
Veja como fazer isso no conteúdo de hoje!
O que você deve saber de mais importante
Reunimos seis dicas para não fazer feio na hora de levantar um brinde, mas também não exagerar na qualificação dos vinhos e acabar se passando por um “enochato”.
1) Três grupos de aromas
Na prática, os grupos de aromas dos rótulos são divididos em 3: os primários, provenientes das uvas, os secundários, resultantes da fermentação e do amadurecimento, e os terciários, que têm origem no envelhecimento em garrafa.
Vamos ver um pouco mais sobre cada um deles?
Primários
Os aromas primários são aqueles que emanam diretamente das próprias uvas. Esses aromas são intrínsecos às variedades de uvas utilizadas na vinificação e refletem as características específicas do terroir, incluindo fatores como clima, solo e práticas agrícolas.
Exemplos comuns de aromas primários incluem aromas frutados, florais, vegetais, herbais, minerais, terrosos e de especiarias, por exemplo.
Secundários
Por outro lado, os aromas secundários são aqueles provenientes das opções de vinificação após a fermentação alcoólica como, por exemplo, os que surgem pela fermentação malolática (destacando notas de manteiga, iogurte e leite), pela segunda fermentação (muito comum nos espumantes elaborados pelo método tradicional, trazendo notas de fermentação, pão, levedura), e também do processo de amadurecimento, como em carvalho, por exemplo, que podem trazer notas de tosta, tabaco, café, cacau, chocolate, baunilha, cravo, coco.
Terciários
Por fim, os aromas terciários se desenvolvem durante o envelhecimento do vinho em garrafa. Este estágio prolongado permite a interação entre o vinho e o oxigênio, bem como a evolução de seus componentes aromáticos. A oxidação lenta e controlada promove a formação de aromas terciários mais complexos e sutis.
Por exemplo, as frutas frescas ficam com uma característica aromática de frutas secas ou em compotas, surgem notas de frutos secos como amêndoas e avelã, é comum aparecer notas balsâmicas em vinhos tintos, assim como notas terrosas, couro, carne, cogumelos, folhas secas.
No entanto, é importante notar que nem todos os vinhos têm a capacidade de desenvolver aromas terciários, pois isso requer uma estrutura e concentração adequadas, bem como um potencial de envelhecimento significativo.
2) 200 compostos
São mais de 200 os compostos aromáticos identificados nos vinhos, responsáveis por notas frutadas, florais, herbáceas, animais e minerais.
Nas uvas, também é possível encontrar o linalol e o nerol, por exemplo, responsáveis pelos aromas florais e frutados. No quesito qualidade, o aroma é um dos principais parâmetros para os vinhos.
3) Variações do frutado
Usar o termo “frutado” é apenas o ponto de partida na descrição dos aromas de um vinho. A diversidade de frutas presentes nos vinhos é vasta e pode incluir uma ampla gama de perfis aromáticos, cada um com suas características distintas.
Por exemplo, um vinho frutado pode apresentar notas de frutas maduras, que sugerem um perfil mais rico e concentrado. Por outro lado, um vinho pode exibir aromas de frutas frescas, como maçã verde, limão ou groselha, evocando uma sensação de frescor e vivacidade. Além disso, alguns vinhos podem revelar notas de frutas de bosque, como amoras, framboesas ou mirtilos, conferindo uma dimensão adicional de complexidade e terroir à experiência sensorial.
A intensidade desses aromas frutados também pode variar, desde sutis e delicados até intensos e exuberantes, dependendo de fatores como a casta de uva, o terroir, as práticas de vinificação e o estágio de maturação do vinho. Pessoas com olfato mais sensível podem discernir nuances específicas dentro do espectro frutado, identificando características como frutas maduras, frescas ou de bosque com precisão e detalhes refinados.
4) Cheiro de cravo
Baunilha, caramelo e cravo são outros aromas encontrados, principalmente nos tintos e em alguns brancos. O aroma de baunilha é formado pela vanilina presente no carvalho, que influencia nos aromas, pois os óleos essenciais nele presentes são transferidos para o vinho quando ele amadurece em barricas. Esse é o caso também do eugenol, óleo do cravo.
5) Treino do olfato
Desenvolver uma memória olfativa aguçada é essencial para aprofundar a compreensão e apreciação dos vinhos.
À medida que os degustadores exploram uma ampla variedade de aromas e ganham conhecimento sobre as características específicas das uvas, regiões e métodos de vinificação, sua capacidade de identificar e descrever os aromas presentes nos vinhos aumenta significativamente.
Para alcançar esse objetivo, é altamente recomendável investir tempo e esforço em treinar o olfato. Quanto mais referências olfativas uma pessoa puder reconhecer e associar, mais rica e detalhada será sua experiência durante uma degustação de vinhos. Um kit ou caixa de aromas é uma ferramenta valiosa nesse processo de treinamento, fornecendo uma ampla variedade de essências que representam diferentes aromas encontrados nos vinhos.
Além disso, é importante destacar que o treinamento do olfato não se limita apenas ao reconhecimento de aromas individuais, mas também inclui a compreensão de como esses aromas se combinam e se transformam ao longo do tempo.
A interação complexa entre diferentes compostos aromáticos pode resultar em uma ampla gama de perfis aromáticos, desde notas frutadas e florais até aromas terrosos e minerais. Portanto, os degustadores também devem praticar identificar nuances sutis e entender como os aromas evoluem à medida que o vinho é exposto ao ar e à oxidação.
6) Sem exageros
A descrição da descrição também é importante. Evitar palavras rebuscadas ou referências particulares desconhecidas da maioria é um ponto válido. Muita gente escorrega nos detalhes que o vinho apresenta por usar uma linguagem exagerada que acaba não tendo significado algum. Como última sugestão, não se prender a modismos e procurar autenticidade, acima de tudo, degustando com prazer, é o melhor caminho.
Gostou desse breve manual?
Tem mais sobre degustação nesse post aqui: Como degustar vinho: um guia completo para entrar neste mundo
Não deixe de conferir!