Espumantes do Novo Mundo
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Saiba mais sobre os deliciosos espumantes do Novo Mundo que têm conquistado cada vez mais paladares ao redor do planeta.
Champagne, Cava, Prosecco… Os espumantes mais famosos do planeta têm em comum a origem, países do Velho Mundo – neste caso, França, Espanha e Itália, respectivamente –, sob Denominações de Origem ligadas a áreas geográficas específicas e uma série de regras.
O resultado formado por esse conjunto de características são marcas muito fortes. Em outras palavras, só de mencionar o nome desses espumantes, é possível saber o método pelo qual foram elaborados, o estilo, a área de produção e várias outras particularidades.
Já no chamado Novo Mundo (Américas, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Japão, China e Índia), as informações sobre a produção desse tipo de vinho não são encontradas com tanta especificidade – o que nada tem a ver com a qualidade da bebida.
Pelo contrário: com o aumento da popularidade global do consumo de espumantes – que deixaram de ser bebidas exclusivas de festividades, para ganhar lugar à mesa em harmonizações –, esses países se especializaram e vêm surpreendendo positivamente com borbulhas a cada nova safra. Saiba sobre os diferentes estilos de espumantes do Novo Mundo.
Austrália
Grande parte do consumo de vinho na Austrália abrange rótulos locais – e cerca de 11% são de espumantes. Diferentemente do que acontece com as Denominações de Origem da Europa, na Austrália o produtor é livre para escolher qual método utilizar, assim como as variedades – Chardonnay e Pinot Noir são as mais empregadas.
As áreas de alta altitude e com clima frio são as preferidas para o cultivo de uvas destinadas à produção de espumantes, entre elas Adelaide Hills, King Valley, Macedon, Orange, Yarra Valley, Hunter Valley e Tasmânia.
Um dos tesouros da Austrália é o espumante tinto, feito com a Shiraz (Syrah), uva emblemática do país. Mas é possível encontrar espumantes tintos produzidos com outras variedades, como a Pinot Noir.
Quando foi criado, em 1881, recebeu o nome de Sparkling Burgundy, ou “Borgonha Espumante”, mas com o tempo essa nomenclatura foi proibida pela União Europeia.
Nova Zelândia
Neste país dividido em duas ilhas, a grande maioria dos espumantes resulta do método Tradicional (também chamado de Clássico ou Champenoise), que proporciona a segunda fermentação dentro da própria garrafa. Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier são as uvas mais utilizadas.
A elaboração de espumantes se distribui nas duas ilhas – a região de Marlborough, na Ilha Sul, detém parte significativa da produção, mas Hawke’s Bay e Gisborne, na Ilha Norte, também desenvolvem esse tipo de vinho.
Apesar da pequena produção, os espumantes da Nova Zelândia são bastante exportados, principalmente para Austrália, Estados Unidos e Inglaterra.
África do Sul
Uma das particularidades na elaboração de espumantes sul-africanos é o nome específico para os exemplares preparados pelo método Tradicional (o mesmo utilizado para produzir o Champagne, que realiza a segunda fermentação dentro da própria garrafa).
Eles são denominados espumantes Méthode Cap Classique (MCC). O Cap Classique não é uma Denominação de Origem com regras extremamente rigorosas, como encontramos na Europa, mas os produtores sul-africanos que adotam esse método empregam voluntariamente alguns padrões, como o amadurecimento mínimo de nove meses sobre as borras, para elevar a qualidade e a tipicidade desse tipo de vinho no país.
É bom salientar que a África do Sul também cria espumantes a partir de outros métodos, como o Charmat (com segunda fermentação realizada em tanques de aço inox). Entre as uvas escolhidas estão a Chardonnay, Pinot Noir e a Chenin Blanc – esta última a mais cultivada pelos sul-africanos.
Estados Unidos
Os Estados Unidos estão entre os países que mais tomam espumantes no planeta: é o quarto maior consumidor mundial. Acompanhando os números, a produção de espumantes nos EUA também vem crescendo consideravelmente – na última década, foi registrado um aumento de volume de 25%.
Não à toa, algumas casas francesas de Champagne instalaram sedes no Napa Valley, na Califórnia, para elaborar espumantes no terroir local. A Califórnia, aliás, é a principal região produtora de espumantes nos Estados Unidos, bem à frente de outras áreas como Oregon e Washington.
Diversas variedades são empregadas, mas as principais são Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Blanc. Embora o país utilize os métodos Charmat e Tradicional, na Califórnia este segundo é o preferido para produzir tanto brancos quanto rosés.
O país elabora também os espumantes “blanc de blancs” (brancos feitos com castas brancas) e “blanc de noirs” (brancos criados com variedades tintas). No paladar, variam dos mais secos aos que apresentam doçura perceptível.
Chile
Apesar de o Chile focar nos exemplares tranquilos (que não possuem gás), o país elabora espumantes há mais de um século – é um dos tipos de vinho cuja produção mais cresce por lá, em diversas regiões vitivinícolas, mas principalmente nas áreas centrais e na costa.
A Undurraga, parceira da Wine, é a vinícola que lidera a produção chilena de espumantes, tanto em volume quanto em reconhecimento internacional. É, também, pioneira na elaboração desse tipo de vinho no Chile.
O Valle de Curicó, Valle del Biobío, San Antonio, Valle de Casablanca e Valle del Limarí são os principais produtores chilenos de espumantes – tanto brancos como rosés são feitos no país. O método mais empregado é o Charmat, mas o Tradicional (Clássico ou Champenoise) também é aplicado.
Embora as uvas Chardonnay e Pinot Noir sejam as mais populares, Riesling, Sauvignon Blanc e Syrah são igualmente usadas. E apesar de não ser facilmente encontrado, um dos espumantes mais emblemáticos do Chile é o rosé varietal à base da uva País.
Argentina
Dominada pela elaboração de vinhos tintos tranquilos, nos últimos anos a Argentina vem assistindo a um aumento significativo no volume de produção de espumantes. Um dos motivos desse crescimento é a demanda interna do país, principalmente entre o público jovem.
A região de Mendoza, no oeste argentino, detém a maior parte da fabricação desses vinhos, em especial nas áreas que ficam mais próximas da Cordilheira dos Andes. Boa parte dos melhores espumantes argentinos tem origem na região de Tupungato, área específica em Mendoza.
Outra localidade que também dá vida a espumantes no país é a Patagônia, no sul. Aplicando os métodos Charmat e Tradicional (Clássico ou Champenoise), a Argentina desenvolve espumantes brancos e, em menor proporção, rosés e tintos, principalmente com as uvas Chardonnay, Chenin Blanc, Pedro Gimenez, Pinot Noir, Semillón e Ugni Blanc. Os argentinos também vêm produzindo espumantes Moscatel, com característica mais adocicada.
Uruguai
Com uma das menores produções de vinho da América do Sul, o Uruguai é considerado um país boutique. Apesar do foco ser a elaboração de tintos com a uva Tannat (emblemática), também são lançados espumantes brancos e rosés, bastante elogiados.
Uma particularidade na indústria de espumantes uruguaios é o fato de 99% da produção ser criada pelo método Tradicional (Clássico ou Champenoise), sendo o restante produzido pelo método Charmat, quando a segunda fermentação ocorre em tanques de aço inoxidável.
Chardonnay, Pinot Noir e Viognier são as uvas mais empregadas – os espumantes varietais desta última são um diferencial. São feitos ainda espumantes Moscatel.
Brasil
Os vinhos e espumantes brasileiros estão ganhando cada vez mais visibilidade mundial – atualmente, já são encontrados em 29 países. Esse sucesso é crescente: se entre 2016 e 2017 foi registrado um aumento de 17,3% no volume de exportações, só no primeiro semestre de 2018 esse número saltou para 32,8%.
Tal crescimento é justificado pela evolução da qualidade dos produtos elaborados internamente, que levou alguns rótulos a conquistar premiações relevantes no cenário internacional, caso do Espumante Casa Perini Moscatel, reconhecido em 2017 como o quinto melhor vinho do mundo pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Destilados.
Um dos principais tipos de vinho elaborado no Brasil, o espumante concentra sua produção no Vale do São Francisco (Nordeste), e principalmente na região Sul, onde existem Indicações de Procedência (I.P.) com regras específicas para a elaboração de espumantes (e de vinhos tranquilos).
Esse conjunto de normas determina as uvas utilizadas na elaboração dos exemplares e também suas porcentagens, além do método, graduação alcoólica mínima, especificações de produção, engarrafamento, entre outros. As uvas mais indicadas são a Chardonnay e a Pinot Noir, e, para os famosos Moscatel, mais adocicados, a Moscato. Os espumantes brasileiros podem ser brancos ou rosés, criados pelos métodos Asti, Charmat e Tradicional (Clássico ou Champenoise).
Um dado que precisa ser ressaltado é que o Brasil está prestes a receber a concessão de uma Denominação de Origem específica para espumantes, a D.O. Pinto Bandeira, na Serra Gaúcha. De acordo com as regras estabelecidas, os exemplares que integrarem essa D.O. deverão ser elaborados pelo método Tradicional, apenas com uvas autorizadas (Chardonnay, Pinot Noir e Riesling).
O Sul brasileiro já conta com a D.O. Vale dos Vinhedos que, além dos espumantes, engloba também os vinhos tranquilos.