Entrevista: um brinde com Fernando Fernandes
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Com muitos planos e adrenalina de sobra, o atleta e apresentador, um dos nomes mais importantes na luta pelos direitos dos cadeirantes, diz que a vida merece sempre ser celebrada com um bom vinho
Fernando Fernandes já apareceu na TV se aventurando em esportes como rafting, paraquedas, wakeboard e esqui. A prática de tantas atividades não impressionaria, – o gosto pela adrenalina vem desde pequeno –, não fosse por um motivo: ele é cadeirante e foi como tal que passou a praticar esportes adaptados.
Buscou informações, treinou e, com toda energia, mostrou a outros deficientes que é possível vencer novas batalhas. A busca, aliás, é outro movimento constante na vida do atleta, seja por reconhecimento, seja por novos desafios – um deles, aprender mais sobre o universo do vinho. “Fui enxergando o vinho não só como uma bebida, mas como parte de um ciclo de amizade, de lifestyle, e estou querendo conhecer mais”, empolga-se.
Atleta, apresentador, ex-modelo e ex-participante do Big Brother Brasil, Fernando se apaixonou por esportes há uma década, no período de recuperação do acidente de carro que o deixou paraplégico, em 2009, em virtude de uma lesão grave na coluna vertebral. Pouco mais de um ano depois, comemorava o título de campeão mundial de paracanoagem, na Polônia. Essa espécie de marco em sua vida é relatada no livro Inquebrável (Ed. Paralela, 250 págs), lançado em 2017.
Hoje, aos 38 anos e sem perder o fôlego, encontrou no kitesurfe sua descoberta mais recente na área esportiva. Tetracampeão mundial de paracanoagem, Fernando começou no kite adaptado há um ano – foi o primeiro cadeirante brasileiro a voar sobre o mar. Está tão animado com a novidade que passa alguns meses do ano no Ceará, um dos principais destinos brasileiros para a prática dessa atividade. “Quero quebrar a barreira entre deficiência física e incapacidade”, desafia-se.
Como apresentador do quadro Sobre Rodas, no Esporte Espetacular, da Rede Globo, ele busca impactar os telespectadores. “Sempre que a gente fala da pessoa com deficiência, vem a conversa da superação e o som do violino para todo mundo chorar no fim da reportagem. Quero o contrário!” Além do quadro na TV, o atleta desenvolve um forte trabalho no Instituto Fernando Fernandes, que fundou em 2013 para promover a inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte.
Saiba mais sobre a trajetória do atleta e seu gosto por vinhos – Fernando nos concedeu entrevista ao sabor de um blend tinto mendocino, Clos de Los Siete By Michel Rolland 2016.
Você é um cara do esporte e adora vinho. Como é essa relação?
No Brasil, muita gente confunde, achando que atletas não podem beber, e isso me frustra. Já vi campeão mundial tomando cerveja um dia antes da prova. A gente lida com a bebida alcoólica achando que ela só traz malefícios, mas, não. Se você souber controlar, é o contrário. Tomar uma taça de vinho não faz mal. Esse atleta mesmo que eu citei, bebeu, relaxou e venceu.
Você também relaxa quando toma uma taça?
Ah, é o que eu mais gosto. Agora, que estou ficando bastante no Ceará, faço muito.
Quando começou essa relação?
Foi com uns 20 e tantos anos. E, desde aquela época, sempre gostei.
Seu interesse por esse universo vem crescendo?
Sim, de uns tempos para cá, tenho me tornado mais interessado. Fui enxergando o vinho não só como uma bebida, mas como parte de um ciclo de amizade, de lifestyle, e estou querendo conhecer mais.
Então, você ainda não se considera um entendedor?
Ah, não, mas vou me tornar. Para falar a verdade, graças a algumas amizades, estou buscando entender mais. São, inclusive, amizades de trabalho com quem, quando percebi, já estava trocando figurinha sobre vinhos. O patrocinador, por exemplo, fala “Vem para cá antes do evento para tomarmos um vinho”, algo bem social mesmo.
Além dessas ocasiões ligadas ao trabalho, você costuma tomar vinho em casa, sozinho?
Agora, sim, tenho tido mais esse costume. Gosto de tomar vinho com os amigos, mas também me divirto muito sozinho. Está virando um programa de fim de semana. Como viajo muito e vivo sem tempo – por isso até montei uma academia na sala de casa –, o próximo passo é comprar uma adeguinha para quando eu estiver em São Paulo não precisar nem sair de casa para curtir um vinho. Ligo uma musiquinha e fico apreciando.
Você se preocupa com harmonização?
Não. Vou mais pelo vinho, tanto faz a comida. Na verdade, todo mundo acha que eu como muito, mas nem sou muito de comer.
Já visitou alguma vinícola?
Ainda não, mas estou doido para conhecer. Quero começar por uma aqui no Brasil mesmo, na Serra Gaúcha.
Nesse ritmo de aprendizado, você já desenvolveu predileção por alguma variedade?
Ah, a Cabernet Sauvignon! Não sei explicar, mas é a que mais combina com o meu paladar.
> Confira a entrevista completa na edição 121 (janeiro de 2020) da revista WINE.
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Por Luisa Alcantara e Silva