Entrevista: Paulo Brammer, da Eno Cultura
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Juiz regular nas competições internacionais da revista Decanter e formador homologado del Vino de Jerez, Paulo Brammer é também cofundador da Eno Cultura, eleita em 2017 a melhor escola de vinho do mundo
Já faz mais de 20 anos, mas Paulo Brammer se lembra claramente de seu primeiro contato com um vinho. “Definitivamente, não foi uma boa experiência”, conta, aos risos. “Foi no fim da adolescência, com um tinto feito com uvas híbridas e qualidade não aceitável, vamos dizer assim”.
A primeira vez, pra valer, ele considera ter acontecido apenas aos 22 anos de idade, em Londres, com um tinto fino. “Foi quando a ficha caiu: ‘Poxa, vinho é um negócio sério’”.
Mal sabia o jovem advogado, então na capital britânica para um curso de inglês com metodologia Cambridge e uma especialização de dois anos em Direito Internacional, que aquele exemplar, um Vosne-Romanée, mudaria sua vida profissional irreversivelmente. Mas até se dar conta disso, trabalhou, como tantos outros estrangeiros na cidade, em restaurantes e bares locais.
Poliu muita taça como assistente de bar e subiu vários degraus até chegar ao posto de chef sommelier no extinto restaurante W’Sens, dos irmãos franceses tri-estrelados pelo Michelin Jacques e Laurent Pourcel.
A próspera carreira na área de bebidas se consolidou na um brinde com Inglaterra e incluiria também passagens pelos grupo gastronômicos Glorious, onde foi diretor geral, e ETM, em que atuou como comprador e diretor de operações – e do qual é consultor até hoje.
A essa altura, Brammer já integrava o júri das competições internacionais da revista britânica Decanter. Tratava, também, de acumular ainda mais conhecimento, fazendo os cursos da WSET – Wine & Spirits Education Trust -, principal organização internacional na área de educação em vinhos e destilados.
E foi durante uma degustação da WSET em Londres que, em 2012, conheceu Thiago Mendes, que se tornaria seu sócio. Como Paulo, Thiago também morava na capital inglesa e estava estudando para se formar pela WSET.
Assim, no ano seguinte, já diplomados pela instituição (desde 1969, somente 18 brasileiros conseguiram se graduar), eles inauguravam em São Paulo a Eno Cultura. E apenas quatro anos mais tarde a escola seria eleita pela WSET Global a melhor educadora de vinhos do mundo.
Saiba mais sobre essa trajetória a seguir.
Como foi receber o prêmio mundial de educadores do ano apenas quatro anos após ter aberto a Eno Cultura?
Muito marcante, porque são 900 escolas no mundo, em 90 países. Acredito que eles não nos elegeram apenas pelas notas do WSET e pelos alunos, eles perceberam o que fazemos para o mercado como todo, a partir da formação das pessoas.
Nunca nenhuma escola latino-americana havia conquistado esse prêmio.
Qual é a dinâmica das aulas na Eno Cultura?
Basicamente, têm exercícios, práticas, jogos, tentamos criar o máximo de interações… Utilizamos uma metodologia que vem sendo bem explorada, conhecida como flipped classroom, ou educação inversa, em que o aluno tem que vir preparado às aulas.
Para isso, nós o munimos com material, exercícios, atividades, conteúdo especializado. E a aula se torna uma facilitação, e não uma leitura de Power Point.
Que conselho você tem para quem cogita fazer um curso sobre vinhos?
Entenda quem está por trás do curso, tem muita gente oferecendo, tanto on-line quanto presencial. Veja a fundo, saiba a disponibilidade dessas pessoas de falarem, vá conhecer o lugar, veja se a metodologia é apta ao que está buscando. E sobretudo, divirta-se nesse caminho fascinante, porque não há linha de chegada.
Por Luciana Lancellotti
Confira a entrevista completa na edição 124 (abril de 2020) da Revista WINE.
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