Vinho alemão: como ler rótulos e escolher o melhor
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Você já notou as peculiaridades presentes no vinho alemão? Entenda as principais informações contidas em seu rótulo.
Para dar continuidade à série “Como ler rótulos de vinhos”, desta vez falaremos da Alemanha.
Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Pensando em facilitar a interpretação dos rótulos alemães, iremos destacar aqui as informações mais relevantes.
Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho. Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais.
Teste de controle de qualidade
O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade.
Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região.
As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.
Confira a divisão das categorias de qualidade e algumas de suas características
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Deutscher Wein
– São os vinhos mais simples de todas as categorias.
– Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.
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Landwein
– Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus.
– 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.
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Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA)
– É considerada a categoria dominante no país.
– As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação.
– As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo.
– Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:
Trocken: vinho seco.
Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.
Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.
Liebliche: vinho doce.
– Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma sub-categoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.
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Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein
– As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo.
– As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural.
– Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:
Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.
Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.
Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.
Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.
Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.
Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.
Algumas curiosidades sobre os rótulos alemães
– A safra só pode ser especificada no rótulo se o vinho for elaborado com o mínimo de 85% de uvas colhidas no mesmo ano.
– A uva só pode ser especificada no rótulo se o vinho for elaborado com o mínimo de 85% dessa variedade.
– O teste de controle de qualidade é um procedimento dividido em duas fases. Na primeira, é analisada a origem, tipicidade, variedade e qualidade da uva, e os vinhos são avaliados apenas com “sim” ou “não”, sendo que apenas um “não” é necessário para desqualificar o rótulo. Já na segunda etapa, é realizada uma análise visual, olfativa, gustativa e a harmonia do vinho, com uma pontuação máxima de cinco e a mínima exigida de 1,5 pontos.
Assim como um cartão de visita e um documento de identidade, o rótulo traz informações importantes sobre um vinho.
Esses dados podem alterar de acordo com o país de origem, pois cada território possui uma legislação e normas de importação.
Por isso, as classificações quanto ao teor de açúcar, as informações impressas no rótulo e contrarrótulo podem ser distintas na Alemanha e no Brasil, mas isso não altera em nada a qualidade e tipicidade do exemplar.
Agora que você já sabe tudo sobre os rótulos alemães, que tal saber mais sobre como harmonizar um bom vinho alemão com o cachorro-quente, típico do país? À primeira vista, pode parecer estranho, mas essa harmonização é possível! Vem saber como!