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Diário do Winehunter

De atendente a Winehunter

30 dezembro 2015
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Conheça a trajetória do nosso Winehunter Vicente Jorge pelo mundo dos vinhos.

Por Vicente Jorge

Meu primeiro contato profissional com o vinho foi aos 17 anos como atendente, em um restaurante, em New Jersey. Nas poucas horas vagas, descansava na adega e ficava decorando e tentando entender os inúmeros rótulos.

Com o passar do tempo, percebendo meu interesse e empenho no assunto, o proprietário pediu para eu sugerir vinhos aos clientes, pois o garçom não conhecia muito além de distinguir um tinto de um branco.

Ali, experimentei vinhos de todo o mundo e várias safras incríveis. Mas minha carreira de aspirante a Sommelier acabou logo no terceiro dia, quando derrubei uma taça inteira de Brunello no vestido branco da esposa de um figurão.

Para bancar o aluguel e as despesas, fui trabalhar como motorista de limousine para um milionário judeu. E, de novo, o vinho entrou na minha vida, pois recebia as encomendas de rótulos raros ou ia buscar nas lojas e as levava uma adega com mais de 3.000 garrafas. Logo, passei a catalogar e organizar vinhos quando não estava no trânsito maluco de New York.

Ele era apaixonado por Romanée-Conti, tinha várias safras. Só que ali, ao contrario do restaurante, não consegui provar nada. Porém, foi um aprendizado bárbaro de tipos, estilos e nacionalidades de vinhos.

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Quando retornei ao Brasil já era um apaixonado por vinho e consumia todo tipo de literatura desse mundo instigante. Após concluir vários cursos comecei a frequentar feiras de vinhos e foi quando percebi que minha paixão teria uma oportunidade através das importadoras.

Comecei a atuar no mercado e com seleção de vinhos e pude viajar o mundo, estudando e conhecendo os mais diferentes terroirs. E, também, me aprimorei no universo dos destilados com o curso de vodka que fiz, na Suécia, e a especialização em Cognac, na França. Mas sempre pensando na minha bebida predileta, o vinho.

Como o vinho pede comida e gosto muito de cozinhar, durante muito tempo fui chamado para compor harmonizações de vários restaurantes no Brasil, bem como dar palestras de degustação, um trabalho que fazia com todo prazer.

Até então, eu não sabia que já fazia o trabalho de um Winehunter. Aliás, esse termo nem existia quanto fui chamado para fazer parte da Wine. Já há quatro anos no comando da seleção do portfólio, Equipe de Sommeliers e clubes mensais, o aprendizado é continuo. Na Wine.com.br pude entender a fundo o que é ser um Winehunter.

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Viajar o mundo inteiro atrás do melhor, degustar milhares de garrafas – em 2015 foram cerca de 1.800 – para encontrar vinhos que se adequam ao nosso paladar. Passar horas nos aeroportos, trens e automóveis… Temos que estar dispostos, pois muitas vezes encontramos exemplares espetaculares em ocasiões difíceis.

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Digo nós, pois após conhecer o grande Manu Brandão, autoridade em vinhos franceses e especialista em Bordeaux, sempre procuramos viajar juntos. Além de gerar uma discussão saudável nas seleções, dividimos as longas jornadas que passamos longe de nossas famílias.

Não há escola para se formar um Winehunter. Tem que estar antenado às tendências de mercado, saber negociar, conhecer vinhos e terroirs, ler, degustar, ter disposição para um dia jantar de trufas brancas regadas por safras de Barollo e no outro comer baguete com salame e entender que ambas as experiências são maravilhosas.

Também é preciso relevar o fato de passar datas importantes na estrada e desapegar da mala que, algumas vezes, acaba extraviando. Mas a compensação vem através das pessoas que conhecemos, das histórias incríveis que ouvimos e, ainda, pelas descobertas de vinhos únicos.

Realmente, ser Winehunter não tem preço. É Bárbaro!

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