Vinho no Brasil: nossa história com a bebida
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Uma linha do tempo do século XVI até os dias de hoje
O vinho é oficialmente a bebida alcóolica que esteve mais presente na história da civilização. E não foi a gente que disse, viu?
Basta olhar pra trás. Na Bíblia? Tem vinho. Nas obras de arte seculares? Tem vinho. Festas do Império Romano? Tem vinho. Mitologia grega? Vinho também. Não é a toa que séries e filmes que retratam épocas passadas ilustram tanto o consumo da bebida. Os fãs de Game of Thrones irão concordar que Tyrion Lannister de nada seria se não estivesse sempre acompanhado do seu cantil.
Agora, de volta ao Brasil.
Como surgiu a cultura vinícola em terras tupiniquins?
Assim como a história do nosso país, a do vinho está diretamente relacionada com a nossa colonização. E adivinha só: quem nos apresentou a ele foram os portugueses.
1500 | O primeiro contato
Isso porque Portugal, graças a seu clima temperado e favorável ao cultivo de uvas aprendeu a cultura muito cedo. Relatos datam 2.000 a.C!
Sendo assim, em 1500, é claro que as caravelas que chegaram por aqui estariam cheias da bebida. Dizem que eles trouxeram 65 mil litros – que eram usados para a hóstia, para cozinhar, higienizar alimentos e, por fim, para consumo da tripulação.
Já em terras brasileiras, dividiram seu vinho com os índios. A longa viagem tinha alterado a qualidade da bebida e não agradou nossos nativos, que acabaram apresentando aos portugueses o Cauim, bebida fermentada de mandioca que pode ser considerada uma das primeiras aguardentes feita por nós brasileiros.
1532 | Brás cubas, o primeiro produtor
Mas, a produção de vinho no Brasil não foi imediata e só teve início com a chegada de Brás Cubas, um português que veio para o Brasil na expedição de Martim Afonso de Sousa. Foi Brás Cubas que fundou a vila de Santos e logo mandou plantar mudas de videiras trazidas de Portugal.
O clima tropical não favoreceu e a tentativa foi um fracasso, mas ele não desistiu. Foi mudando de região até que próximo a Cubatão conseguiu que sua plantação vingasse para que fosse possível fazer vinho.
O vinho produzido aqui não era nada parecido com o que estavam acostumados, porém, todo conhecimento dos índios em fazer bebidas fermentadas e na plantação de frutas nativas tornou o processo diferente e enriquecedor para a qualidade da bebida até então tipicamente portuguesa.
1785 | Domínio econômico de Portugal barra nossa produção
A produção de vinho do Brasil colônia acabou se saindo tão bem que já até exportávamos para Inglaterra – o que não agradava nada os portugueses. Por isso, em 1785, a rainha Dona Maria I proibiu atividade manufatureira nas colônias para que Portugal reouvesse seu domínio econômico. Assim, embora pudesse continuar cultivando uvas, o Brasil não podia mais transformá-las em vinho.
A situação só melhorou com a chegada de Dom João VI e seu batalhão, que aumentou a demanda pela bebida e forçou os portugueses a liberar a produção de vinho no país.
1901 | Chegam os italianos
O Brasil, já independente, começa a receber um fluxo de imigrantes vindo das guerras, principalmente próximo à Serra Gaúcha.
A maioria dessas famílias eram italianas e trouxeram consigo a cultura do vinho, enraizada no território italiano desde a época do Império Romano, e inclusive fundando boa parte das vinícolas nacionais que funcionam até os dias de hoje.
1920 | Aperfeiçoando a cultura
O avanço da cultura vinícola no Sul do país foi muito rápido e, a partir de 1920, o produtor, agora com mais experiência de campo, passou a caminhar na busca de maior qualidade para os seus vinhos e foi aí que começaram a fazer escola.
Nessa época, eram primeiro envasados em pipas de 400 litros, de madeira de grápia, e depois comercializados a granel nos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.
1970 | A chegada das multinacionais
Ainda que uma bebida conhecida por boa parte dos brasileiros, o vinho não era muito popular entre a maior parte de nós.
Até que nos anos 70, os produtores passaram a investir em rótulos mais bonitos e com nomes diferenciados – simples, mas eficaz. Com isso, houve um aumento no consumo de vinho no país, seguindo a tendência global.
Na mesma época, o Brasil passou a chamar a atenção de grandes multinacionais do vinho — como Almadén, Chandon e Martini & Rossi — várias delas se estabeleceram por aqui, tanto inaugurando suas próprias plantações quanto comprando aquelas de pequenos produtores locais.
1990 aos dias de hoje | Aumento no consumo de vinho
Mais do que um aumento na produção e enriquecimento da qualidade do nosso vinho, o que vemos hoje é a mudança na maneira que se consome a bebida aqui no Brasil.
Mais bares focados no consumo, clubes especializados, mais rótulos nos supermercados – inclusive a preços mais acessíveis – e a garrafa de vinho mais presente na mesa do brasileiro.
Ainda que com um consumo abaixo de países da Europa, temos bebido mais. Atualmente, 7% dos brasileiros dizem consumir vinho praticamente todos os dias – e vale lembrar que os benefícios da taça diária já foram comprovados!
E você, já tomou a sua hoje?
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