O milagre chileno: o sucesso dos vinhos do Chile
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Escolha o seu vinho originário do país andino para aprender mais sobre a tradição chilena, que em pouco tempo encheu as taças do Brasil
Os brasileiros amam um vinho chileno. Não é à toa que há dez anos o país lidera as importações da bebida feitas pelo Brasil. Em 2018 foram quase 70 milhões de garrafas vindas do Chile para nosso país.
O vinho chileno é muito apreciado devido ao seu custo-benefício. O país proporciona rótulos de ótima qualidade a um custo acessível, quando comparado às bebidas de outras nacionalidades. Mas vale lembrar que há vinhos chilenos com valores mais altos no mercado!
Para abastecer o mercado brasileiro, o Chile desfruta de uma política de baixos impostos, valoriza a sustentabilidade nas vinícolas e conta com regiões ideais para cultivar seus vinhedos, com técnicas de vinificação tradicionais e inovadoras.
Se você é um apreciador do vinho chileno, não pode deixar de conferir tudo sobre essa região produtora. Desde a história, até o turismo que existe por lá, em torno do vinho.
História do vinho chileno
O vinho no Chile tem origem em 1550, com a chegada dos colonizadores espanhóis, que trouxeram na bagagem a bebida e também videiras. O vinho era elaborado para consumo próprio e para celebrações eucarísticas – muito usado na evangelização dos nativos.
No século XIX, o Chile tornou-se independente das leis espanholas e as famílias mais abastadas passaram a viajar para a Europa. No Velho Continente, tiveram a oportunidade de provar os vinhos franceses e assim perceberam que podiam produzir vinhos de qualidade superior. O que deu início à era moderna da indústria vitivinícola no país.
Em 1863, o mundo do vinho se viu diante de uma das maiores tragédias de sua história: a Filoxera, um pulgão que destruiu vinhedos em todo o planeta. Com exceção do Chile. Sua geografia única serviu como barreiras naturais impedindo o ataque da praga.
Com isso, o mundo inteiro voltou a atenção ao país andino. Um dos desdobramentos dessa situação foi a descoberta de uma casta que se pensava estar extinta: a Carménère. A variedade era cultivada como um tipo de Merlot, até 1994, quando, através de estudos de ampelógrafos franceses, foi possível identificar a casta.
Um século depois da filoxera, o Chile se viu mergulhado em uma guerra civil que destruiu mais da metade de seu vinhedos. Quando a estabilidade foi restaurada, produtores internacionais passaram a investir no Chile com tecnologia de ponta, revitalizando as plantações e apostando em uma nova geração de viticultores com formação universitária.
O resultado foi surpreendente: o Chile se transformou no país dos vinhos com melhor custo-benefício. Os enólogos passaram a elaborar vinhos que expressavam o terroir. A delicadeza e elegância conquistou os mais exigentes mercados internacionais, dando vida “aos Bordeux do hemisfério sul”.
Melhores produtores
O Valle Central é a maior região vinícola do país e é ela que abriga a maioria das vinícolas. As uvas nessa área amadurecem com facilidade e geram vinhos frutados e fáceis de agradar. Em busca do terroir perfeito e de melhor adaptação para suas uvas, muitos produtores passaram a se estabelecer em regiões distintas, como o Aconcágua, Valle de Itata e até no deserto do Atacama. Essa diversidade deu origem a variedade de vinhos que podemos apreciar hoje em dia.
Vamos conhecer alguns deles:
Calyptra
No Valle del Cachapoal, na região do Valle Central, nasceu a vinícola boutique Calyptra. Uma empresa que preza pela pureza da uva e o respeito à natureza. Seus métodos de cultivo e o conhecimento histórico para produção dos vinhos imprimem uma personalidade própria em cada garrafa.
Pérez Cruz
Vinícola familiar no Valle del Maipo, no Valle Central, com os melhores padrões de qualidade e tecnologia. Toda sua gestão é em prol da natureza e do desenvolvimento dos habitantes da região. Está instalada no sopé da Cordilheira dos Andes e possui o melhor terroir do Chile para a produção da uva Cabernet Sauvignon.
Urmeneta
Com compromisso ambiental, esses vinhos ganham vida no Valle Central a partir de uvas colhidas em diferentes períodos e condições de maturação, resultando em sabores únicos caracterizados pelo espírito aventureiro.
VIK
Localizado no Vale de Millahue, nomeado pelos povos indígenas como “Lugar do Ouro”, com uma variedade inigualável de terroirs, Vik se propõe a fazer os melhores vinhos da América Latina, porque não dizer, do mundo.
Ventisquero
Prezando pela sustentabilidade e inovação, a vinícola Ventisquero se originou no Valle del Maipo, mas se expandiu para regiões como Leyda, no Aconcágua, e Huasco, no Atacama. Os vinhos prezam pela excelência e a vinícola busca colocar na garrafa aquilo que o solo oferece de melhor, com resultados inovadores e diferenciados.
Qual o melhor vinho chileno?
É impossível escolher apenas um!
Os melhores rótulos são aqueles produzidos a partir de uvas com melhor adaptação ao solo, clima e técnicas da região.
É o caso da Cabernet Sauvignon, que é a variedade mais cultivada no país. De origem francesa, a uva se adaptou ao terroir chileno e desenvolve uma variação de sabores e aromas de acordo com o solo em que é cultivada.
A Sauvignon Blanc também é muito cultivada no país, colocando-o entre os maiores produtores desta cepa. Tradicionalmente, apresenta aromas de frutas cítricas e tropicais, notas herbáceas e, muitas vezes, um toque mineral.
Já a Carménère é o grande sucesso e orgulho chileno. Nativa da França, a variedade adaptou-se melhor ao país andino e hoje é um dos cultivos mais populares. Ela produz vinhos de taninos médios e aromas de frutas vermelhas e típico toque herbáceo.
Média de valores
O custo-benefício dos rótulos chilenos é excelente. É possível encontrar opções acessíveis e de boa qualidade na faixa de R$ 30. São esses a maioria por aqui. Principalmente os rótulos batizados de “reservado”. A nova estratégia da Wines of Chile, entidade privada promove o vinho chileno ao redor do mundo, é apresentar aos brasileiros cada vez mais vinhos que mostram o potencial dos produtores andinos, com maior valor agregado.
Turismo do vinho no Chile: quais os destaques e melhores épocas para visitar
O país aproveitou seus mais de 136 mil hectares de vinhedos para fomentar o turismo do vinho, que atrai mais de um milhão de visitantes por ano.
Em uma viagem ao país, dá para conhecer a beleza dos vinhedos, descobrir a história das preparações, aprender mais sobre cada processo que transforma a uva em vinho e, é claro, degustar essa preciosa bebida.
Ao menos 11 regiões produtoras contam com circuitos turísticos:
- Valle del Aconcagua
- Valle do Elqui
- Valle de Limarí
- Valle de Casablanca
- Valle de San Antonio/Leyda
- Pirque e Valle del Maipo
- Valle de Cachapoal
- Valle de Colchagua
- Valle de Curicó
- Valle del Maule
- Valle del Itata
Para desfrutar ao máximo da experiência com a viticultura, o melhor período de visitação é entre fevereiro e abril, no fim do verão. Nessa época, as parreiras ficam cheias e começam a ser colhidas. Ou seja, é beleza na certa!
Em setembro, embora ainda seja um período mais frio e as parreiras estejam começando a produzir, é comemorado o Dia do Vinho no Chile, no dia 4. Por todo o país, e especialmente nas regiões produtoras, costuma haver uma programação especial.
Já entre novembro e dezembro, as parreiras ainda estão verdes. Porém é um bom momento para fazer uma visita sem pressa, tirar boas fotos e ter acesso aos enólogos, que podem explicar tudo sobre o assunto.
O Chile é uma verdadeira potência vitivinícola e os brasileiros têm o privilégio de ter acesso fácil a esses ótimos vinhos. Agora que você conhece mais sobre os vinhos chilenos, é só abrir uma garrafa imediatamente para apreciar a bebida do país.