Graduação alcoólica: confira dicas de vinhos do menor para o maior teor alcoólico
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O álcool se revela em todas as fases da degustação dos vinhos, do olfato ao paladar. Veja a lista em ordem crescente dos vinhos mais leves para os mais alcoólicos e saiba mais sobre o assunto!
Elemento-chave na composição dos vinhos, o álcool é responsável por dar textura e corpo à nossa bebida favorita, e é fácil de ser notado em todos os sentidos envolvidos em uma degustação.
O volume alcoólico colabora com o dulçor e com a maciez que sentimos no paladar, e também se revela na percepção de ardência ou queimação na boca e na garganta.
Além disso, interfere no perfil aromático do rótulo, e também ajuda na conservação do vinho com o passar do tempo.
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No Brasil, a regulamentação estabelece que o teor de álcool venha descrito no rótulo da bebida:
- Os vinhos finos, elaborados apenas com uvas Vitis vinifera, devem ter de 8,6% a 14% em volume de álcool
- Os vinhos tranquilos, que não possuem gás e não são fortificados com aguardente vínica, costumam ter entre 10 e 15% de álcool
- Abaixo de 8,6% (até o mínimo de 7%), a bebida será classificada como vinho leve, que é mais ácido e menos tânico que o vinho tranquilo
- Já os vinhos conhecidos como licorosos ou fortificados (como o vinho do Porto) têm entre 14% e 18% de álcool, segundo a legislação brasileira, mas alguns exemplares importados podem chegar a 22% de álcool
É importante saber que esses números podem variar de acordo com a colheita e o tipo das uvas, com o terroir, tempo de fermentação e outros fatores envolvidos.
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Outro ponto importante a se ressaltar é que o volume de álcool não nos diz muito sobre a qualidade de um vinho, que deve ser analisado a partir do equilíbrio entre todas características que compõem o exemplar a ser apreciado.
Então, vamos direto ao ponto: quais são estes vinhos menos alcoólicos? E quais são os mais alcoólicos? Confira abaixo a lista em ordem gradual.
Frisantes se destacam entre os vinhos leves
Durante o processo de produção, os vinhos frisantes passam apenas uma vez pela fase de fermentação, sem o uso do vinho-base. As famosas bolhas de gás carbônico podem surgir de forma natural ou artificialmente.
Por conta das diferenças no método de preparo, os frisantes costumam ter graduação alcoólica de 7% a 8%, em média, enquanto os espumantes podem chegar a ter mais de 12% de volume alcoólico.
Veja as sugestões de rótulos menos alcoólicos disponíveis na Wine!
7% – Frisante Ballade Moscatel Branco Suave 2021
Elaborado com uvas Moscato da região do Vale do São Francisco, na Bahia, este frisante tem 7% de álcool, e é feito por meio do método de fermentação natural Charmat.
É um frisante branco descomplicado, fácil de beber e indicado para momentos descontraídos entre amigos ou para harmonização em um dia quente.
Tem intensos aromas florais que lembram rosas e jasmim, além de um toque frutado que remete a manga e a melão. O paladar é refrescante, com ótimo equilíbrio entre acidez e doçura.
É um vinho mais leve, bom para acompanhar frutos do mar, atum selado com gergelim, dadinho de tapioca, acarajé ou risoto de camarão.
7,5% – Frisante Porta Soprana Lambrusco I.G.P. Emilia Rosé Amabile Suave
Fabricado pelo mais antigo produtor de lambruscos da região italiana da Emilia Romagna, a vinícola Chiarli, este frisante é versátil e fácil de agradar, com 7,5% de teor alcoólico.
Os aromas de frutas vermelhas frescas, como morango, cerejas e amoras, se sobressaem no olfato. O paladar também é frutado, com bastante refrescância e uma doçura harmoniosa.
O ideal é que este frisante rosé seja servido a uma temperatura de 7 °C, com pratos como tortas salgadas, sanduíches, pizzas, quiche de palmito ou com petiscos como bolinho de arroz.
Na faixa intermediária, de espumantes a vinhos tintos
Entre os vinhos que estão entre os mais leves e os mais alcoólicos, figuram vinhos de diversos tipos: brancos, tintos, e espumantes.
Os que têm volume de álcool abaixo dos 13% tendem a ser menos encorpados e mais refrescantes no paladar, mas as características de cada um variam de acordo com a região de origem, a uva escolhida, entre outros fatores.
Agora, uma curiosidade: com exceção dos fortificados, os vinhos não costumam ultrapassar o limite de 15% de álcool, porque as leveduras não sobrevivem nos ambientes com alto teor alcoólico.
Conheça a seguir sugestões variadas de vinhos entre 9% e 14% de volume alcoólico:
9,5% – Piranha D.O.C. Vinho Verde 2020
Este blend entre as uvas Trajadura, Loureiro e Arinto apresenta todas as características marcantes das castas da região dos vinhos verdes. O teor de álcool é de 9,5%.
Os aromas autênticos de frutas cítricas como lima e limão dão passagem ao paladar fresco e jovem, com boa acidez.
Acompanha peixes, frutos do mar, saladas, salgadinhos fritos ou pratos com frango grelhado.
11% – Heredad Vegarte Verdejo Sauvignon Blanc
Este branco espanhol tem sabor cítrico e leve, e é indicado para consumo à beira da piscina ou para refrescar o paladar nos dias mais quentes.
Com 11% de teor alcoólico, é produzido com as uvas Verdejo e Sauvignon Blanc.
O ideal é que o vinho seja servido a uma temperatura de 8 °C, com pratos como salpicão de frango, peixes grelhados ou risoto de camarão, que entram em sintonia com a maciez da bebida.
12,2% – Miles from Nowhere Rosé 2019
Um rosé australiano que nasce da combinação entre as uvas Shiraz, Sauvignon Blanc e Viognier. Tem frescor no paladar, e pode ser consumido sozinho, ou harmonizado com pratos leves como suas características.
Seu teor alcoólico é de 12,2%. As notas olfativas remetem a frutas como morango, framboesa e cereja.
Na boca, é suculento e tem acidez bastante equilibrada. Combina com frango thai, comida japonesa ou penne com salmão e vagem.
12,3% – Espumante Chandon Excellence Cuvée Prestige Rosé Brut
Produzido pela Chandon do Brasil, este espumante tem 12,3% de volume alcoólico, e traz aromas de frutas vermelhas como morango e framboesa, além de notas de pão e trufas.
O paladar é frutado, cremoso, com boa acidez, ideal para acompanhar risotos leves, ceviche, tomates recheados e moqueca.
12,80% – JP Azeitão Seleção do Enólogo Moscatel Graúdo Fernão Pires 2020
Aromático e com um estilo que agrada com facilidade, este exemplar apresenta 12.80% de graduação alcoólica. Produzido pela Bacalhôa Vinhos de Portugal, um dos mais renomados produtores do país, o rótulo branco é feito com duas uvas nativas de Portugal, a Moscatel Graúdo e a Fernão Pires.
Por ser um vinho leve e com boa acidez, a aposta deve ser em pratos leves, ou frituras devido à acidez. A nossa dica é investir em peroá com fritas, bolinho de bacalhau, frango à milanesa, batatas recheadas com ricota e espinafre.
13% – Terras de Estremoz Special Selection Regional Alentejano Branco 2018
Vinho jovem e intenso com muita fruta, aromas de abacaxi e pêssego. Na boca sabor frutado persistente. Ótima combinação com mariscos mais elaborados como por exemplo lagosta e peixe grelhado.
Com 13% de álcool e aromas de intenso de abacaxi e pêssego com notas minerais, é um branco bom para acompanhar peixe grelhado ou no forno, carnes brancas ou de caça.
14% – Fleur du Cap Essence du Cap Shiraz 2016
Direto da região de Western Cape, na África do Sul, este exemplar reflete o terroir expressivo em que é produzido.
Tem 14% de teor alcoólico, o que é comum em vinhos tintos feitos em regiões mais quentes, e passa 14 meses em barricas de carvalho francês e americano.
O paladar tem taninos presentes e corpo médio para encorpado, com final amadeirado. Combina com maminha ao molho de ervas, carne seca com abóbora ou com risoto de linguiça defumada.
Vinhos fortificados: álcool acima dos 14%
Os vinhos mais alcoólicos encontrados nas adegas costumam ser os licorosos, ou fortificados.
Como já foi dito, a legislação brasileira define que os vinhos licorosos devem ter entre 14 e 18% de álcool, mas em outros países a regulamentação varia, e alguns rótulos podem chegar a ter 22% de volume alcoólico.
Durante o preparo destes vinhos, é adicionada uma quantidade de aguardente vínica, espécie de bebida destilada feita a partir do mosto da uva.
Isso interfere na fermentação e confere mais “peso” ao vinho, que geralmente tem sabor mais amadeirado por conta dos processos de envelhecimento.
Abaixo, conheça as sugestões de vinhos mais alcoólicos oferecidos pela Wine!
18% – Old John Marsala Superiore Riserva Ambra Semisecco Doc 1998
Elaborado a partir de um blend entre as uvas Inzolia, Catarratto e Grillo, este vinho licoroso meio seco passa quatro anos em barricas de carvalho, depois mais seis meses em pipas.
Com teor alcoólico de 18%, é um vinho com história e alto potencial de guarda (até 25 anos). Tem aromas de damasco, tomilho e pimenta preta.
No paladar, tem o álcool bem presente, com notas de damasco e frutas cristalizadas. Vai bem à mesa com queijos como ricota, gorgonzola, parmesão e sobremesas como tiramisù e cheesecake.
19% – Marsala Vergine Soleras Dop
Este vinho licoroso seco produzido pela Cantine Pellegrino traz aromas amadeirados, com nuances de frutas secas e especiarias.
Com teor alcoólico de 19%, é um blend entre as uvas Grillo e Catarratto, e passa cinco anos em barricas para amadurecimento. Depois de engarrafado, ainda tem mais oito anos de potencial de guarda.
O paladar é seco, maduro e harmonioso, tornando-o uma boa opção para degustação com queijos fortes, frutas secas, nozes e cheesecake.
20% – Porto Burmester Extra Dry White
Um vinho do Porto branco pouco conhecido, elaborado pela tradicional vinícola Burmester com castas conhecidas do Douro. Com teor alcoólico de 20%, é um exemplar que faz valer a aventura sensorial.
Os três anos de amadurecimento em carvalho e em tanques de aço inoxidável garantem ao vinho notas olfativas de melão, limão, pêssego, mel e baunilha.
Na boca, é um vinho com bom corpo, fresco, frutado e untuoso, com notas de madeira. Harmoniza com sobremesas à base de frutas secas ou cristalizadas, com bolo de nozes, panetone e queijos como brie e camembert.
Agora que tirou suas dúvidas sobre vinhos mais e menos alcoólicos, que tal aprender um pouco mais sobre as variedades de uvas? No episódio #66, o Wineverso Podcast traz curiosidades e informações sobre as cepas Garnacha e Tempranillo. Dê play e saúde!